No último período foi de conhecimento público o pronunciamento do deputado estadual Edinho Silva (PT) em evento petista no Estado de São Paulo, onde Edinho afirmou que seu partido deve buscar atrair setores mais conservadores como o “malufismo” e o “quercismo” para sua base política. No evento estava presente o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que referendou a fala do deputado sobre a política de alianças petistas para as eleições municipais de 2012.
Alguns dias após o pronunciamento tive a oportunidade de entrevistar o prefeito de Araraquara Marcelo Barbieri (PMDB) sobre a afirmação do deputado Edinho Silva. Como todos sabem Barbieri sempre integrou o bloco peemedebista em SP ligado ao já falecido líder político Orestes Quércia (PMDB). Em resposta Barbieri declarou estar contente com a intenção petista de aliança com seu grupo, afirmando ver com bons olhos a questão.
Enfim, em outros tempos esta troca de afinidades entre PT e PMDB em São Paulo seria vista com muitas reservas, mas atualmente parece que a tendência é de formação de um bloco PT- PMDB para as eleições de 2012 visando o palanque em 2014. Pois, se a conquista de prefeituras em São Paulo, que hoje estão boa parte lideradas pelo PSDB, serve como mote para a integração entre petistas e peemedebistas, a disputa pelo cargo de governador nas eleições de 2014 pode ser um divisor na singela aliança.
O atual prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PDS) por sua vez criou uma nova legenda e deu uma guinada política de considerável distância, ao sair da ponta direita representada pelos Democratas para a base do governo da atual presidente da República Dilma Roussef (PT).
Este é o novo jogo de forças que está dado em São Paulo, onde poderá se realizar um campo político articulado por petistas que pretendem abraçar forças como o “kassabismo”, “malufismo” e o “quercismo” com os longos braços do governo federal visando a disputa eleitoral do próximo período.
O que nos restaria analisar é como cada uma destas forças saíra do outro lado, após terminada esta longa caminhada ideológica. Kassab já se adiantou e prontamente definiu seu novo partido como nem de direita, nem de esquerda, mas a favor de um projeto para o Brasil, ficando, portanto, sob o campo político do “nada ser” e o “ser qualquer coisa”.
O PT que antigamente estava nas trincheiras oposicionistas a líderes como Maluf e Quércia, e mesmo Kassab, em SP foi o primeiro a estender a mão e reatar ligações. Portanto, dada a aparente contradição de projetos partidários este movimento petista representa menos uma unidade partidária e mais a busca da construção de uma hegemonia governamental, seu fôlego em SP na construção deste novo grupo caminha junto do governo da presidente Dilma Roussef.
Por fim, o PMDB após o falecimento de sua principal liderança no Estado Orestes Quércia e ter assumido a vice-presidência da República através de Michel Temer deve mesmo aceitar o convite em prol da recuperação de forças.
Ainda assim, fica a pergunta sobre quais serão o resultados destas alianças, que talvez pelo imenso número de cores contrastantes que podem se misturar, a conjuntura das eleições de 2012 seja mais facilmente explicada por pintores do que por analistas políticos.
Publicado no jornal Folha da Cidade - Araraquara, São Paulo
Luís Michel Françoso
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