Ontem (10) na sessão legislativa da Câmara Municipal o principal debate enfrentado se relacionou ao reajuste do salário dos servidores públicos. O plenário esteve lotado entre pessoas a favor e contra a recente instauração da greve da categoria do funcionalismo. Logo pela manhã de ontem (10) já foi observada movimentação de servidores em frente à Prefeitura em defesa do movimento de paralisação.
O líder de governo João Farias (PRB) se sentiu prejudicado no debate sobre o reajuste salarial. Farias declarou que o atual governo estava em desvantagem pelo fato de apesar de conceder aumentos salariais a categoria dos servidores, a defasagem dos últimos 10 anos deixava o funcionalismo público com um salário sempre aquém do reivindicado. Nas palavras do parlamentar, a culpa seria dos por oito anos que na gestão petista foi verificada uma perda salarial contínua dos servidores. Resultado, na discussão de ontem na Câmara, quem saia aplaudido eram os vereadores da bancada petista que trabalhavam contra o reajuste proposto pelo atual governo.
Farias não deixa de ter sua razão, pois se recorrermos aos números e fizermos uma projeção da política salarial para os servidores públicos na última década teremos que durante o governo do ex-prefeito Edinho Silva (PT), período de 2001 a 2008, o acúmulo dos reajustes salariais é de 29,66%. Já no atual governo do prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) que chega ao seu terceiro ano de mandato o acúmulo de reajustes chega a 16,10% [sem contabilizar o reajusto de primeiro de maio deste ano]. Segundo cálculos do próprio Sismar a perda salarial da categoria do período de 2001 a 2011 é de 58,25%, tendo como base a projeção inflacionária do INPC.
Em uso da tribuna popular o presidente do Sismar (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Araraquara e Região) Marcos Zambone afirmou que “a greve é legal, esta na constituição, é um direito, estamos pedindo um prazo de vista de uma semana para continuar a negociação com a Prefeitura, acreditamos que podemos chegar a uma proposta melhor do que a apresentada até o momento”
Ontem a Prefeitura enviou projeto ao Legislativo propondo índice de reajuste salarial e demais benefícios a categoria. O vereador Lapena (sem partido) em meio ao debate questionou o presidente do Sismar “se pedirmos vista do projeto [vereadores], o sindicato paralisa a greve? Em resposta Marcos Zamboni afirmou “posso consultar em assembléia os servidores sobre o assunto, mas o sindicato sozinho não pode decidir pelo término da greve”.
Analisando o fato o líder de governo respondeu “a greve não pode ser usada de forma tão banal, como é usada pelo Sismar, pois o Marcos Zamboni instiga o dia todo no microfone os servidores a aumentarem sua raiva ao Executivo, mas quando questionado se vai terminar a greve se pedirmos vista não tem coragem de assumir esta responsabilidade, é covarde”.
Enfim, ontem novamente estavam os servidores mobilizados em favor da greve, onde a cada intervenção de um parlamentar podia se ouvir vaias ou aplausos, talvez até os mesmos que bateram palmas no governo do ex-prefeito Edinho estejam ainda batendo palmas na atual gestão do prefeito Marcelo Barbieri (PMDB), ou vaiando. O fato, é que ainda nos falta uma discussão mais aprofundada sobre o Plano de Cargos e Carreiras (PCCV), sobre cargos comissionados que colocam pessoas de conhecimento político –partidário em setores estratégicos que demandam conhecimento técnico elevado e sobre tantos outros temas que ouvimos nos bastidores da política.
Infelizmente, ano a ano o que somente aflora é o debate sobre a questão salarial, que logicamente é importante, mas que deixa escapar outros tantos debates que envolvem o cotidiano do trabalho do servidor araraquarense. O fato, é que passam gestões, mudam se os políticos, alguns permanecem e outros mudam de lado nesta discussão, mas os servidores batendo palmas ou vaiando continuam os mesmos e curiosamente vivendo as mesmas dificuldades em seus ofícios. Só não vê quem não quer.
Publicado no jornal - Folha da Cidade, Araraquara, São Paulo
Luís Michel Françoso
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