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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Faca Amolada


01. O dono da voz e a voz do dono

Os debates na última sessão legislativa na terça-feira (09) foram acalorados e tendem cada vez mais para alimentar a tensão entre o atual governo do prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) e o patrimônio político da gestão do ex-prefeito Edinho Silva (PT). O ponto específico onde este debate vem crescendo são quando das apresentações de requerimentos da vereadora Márcia Lia (PT) solicitando informações sobre a gestão do atual prefeito Barbieri.  Assim surgem diálogos como:
O vereador João Farias (PRB) em sessão acusou em discurso a bancada do PT de mentirosa sobre posicionamento na votação de projeto sobre direitos de motoristas da Prefeitura Municipal apresentando vídeo em sessão, em resposta Nascimento (PT) afirmou:
“Com intervenções como essa você faz um desserviço ao seu governo, pois se a bancada do PT  concentrasse as suas forças para somente criticar o governo, esse governo não duraria um mês. Mas, nós temos como princípio maior os interesses da cidade. Queremos saber se este tipo de acusação que você fez é a voz do líder de governo ou é a voz do prefeito, pois saberemos dar a resposta à altura”
Mais tarde, após a vereadora Márcia Lia (PT) apresentar questionamentos referentes à posição da base governista frente aos seus requerimentos apresentados, o líder de governo João Farias (PRB) afirmou:
“A Márcia Lia tem uma capacidade imensa de interpretar, o papel dela é este, tem a capacidade para ser uma vereadora de requerimentos”.  Logo após complementou “não vou chamar de histeria (discurso de Márcia Lia em plenário), pois seria deselegante, vou chamar de exaustão o que a vereadora teve aqui”

02. Tanto bate até que fura

O líder de governo João Farias (PRB) vem mostrando para que retornou a Câmara Municipal após atuação enquanto secretário de Habitação. Onde a cada sessão vem munindo seu discurso de extensas críticas ao Partido dos Trabalhadores o que vem provocando acalorados debates. João vem acusando em particular a vereadora Márcia Lia (PT) de adiantar o debate referente às eleições municipais de 2012 e veladamente aponta a vereadora como possível candidata da oposição a prefeita da cidade. Com seu discurso mais direto na Câmara João Farias vem conseguindo manter os grupos internos da Câmara com as linhas de atuação mais claras e, portanto, pouco passíveis de alianças pontuais. Caso de aliança aconteceu, por exemplo, na eleição de Boi a presidência, quando vereadores do PT e parte da base do governo selaram acordo. João vem mantendo a base do governo unida, mas a um custo caro. Se vê obrigado a acirrar cada vez mais seu discurso em plenário.

03. Vereadora Márcia Lia (PT)  entre requerimentos

Não são poucos os novos elementos que vem ocupar o cenário político de Araraquara, na Câmara por exemplo, fato recorrente é o da vereadora e líder de bancada do Partido dos Trabalhadores Márcia Lia  estar apresentando requerimentos solicitando informações sobre a atual gestão da Prefeitura Municipal. Exemplos são pedidos de esclarecimento sobre o custo das lousas digitais adquiridas para a rede municipal de ensino, gastos com publicidade da Prefeitura e gastos relacionados a fogos de artifício em comemorações do poder Executivo em eventos na cidade. Como resultado, boa parte das sessões vem sendo ocupadas por debates referentes a comparações entre o atual governo do prefeito Marcelo Barbieri (PMDB) e a gestão do ex-prefeito Edinho Silva (PT). A base governista na Câmara, por sua vez, vem aprovando parte dos requerimentos da vereadora petista, ainda que o desgaste entre oposição e situação em cada um dos requerimentos em debate seja grande. Márcia Lia vem representando uma nova forma de posição petista na Câmara, como oposição mais acirrada do governo. De certo que a defesa da herança petista por oito anos à frente da Prefeitura de Araraquara passa por este debate. Mas, resta saber por que em princípio este movimento vem da vereadora e não dos outros dois vereadores petistas da Casa de Leis (Carlos Nascimento e Edio Lopes), pelo menos no que diz respeito à apresentação de tais requerimentos.

04. Boi se torna situação e deve influenciar política no município numa nova perspectiva

Nos corredores da Câmara é visível a situação de transformação que ocorreu com o então grupo de vereadores que apoiou a candidatura de Aluisio Braz, o Boi, (PMDB) a presidência da Câmara. O grupo tem como principal articulador o vereador Paulo Maranata (PRB) e é composto ainda por Lapena (sem partido), Serginho Gonçalves (PMDB) e Boi (PMDB). Quando da candidatura de Boi o grupo se colocava enquanto oposição interna ao então presidente Ronaldo Napeloso (DEM) e afirmava visar à busca de maior autonomia em relação ao Executivo municipal.  A candidatura de Boi, tal como este afirmou em entrevista, ganhou ainda o apoio do atual deputado estadual Edinho Silva (PT). Agora, seu grupo conquistou a presidência da Câmara e da comissão de Justiça e Redação, ganhando tarefas típicas de grupos de situação. O primeiro teste nesta nova condição de situação se deu com a questão em torno do cargo de Chefe de Protocolo e Memorial da Câmara por ser um cargo em comissão com salário maior do que de parlamentares, criado em 2007. Boi optou por extinguir o cargo após polêmica, pois tal como os ex-presidentes Edna Sandra Martins (PV) e Ronaldo Napeloso (DEM), Boi também reconduziu ao cargo pessoa de sua confiança. Por outro lado, apesar dos desgastes da função de situação, Boi em particular vem sendo beneficiado pela função da presidência que o vem poupando das acirradas disputas no plenário entre governo e oposição, atualmente assumidas pelo líder de governo João Farias (PRB). Boi pode acumular forças neste momento para as próximas disputas políticas na cidade, tal como previu o deputado estadual Edinho Silva (PT) em encontro com Boi, onde afirmou que todos podem esperar que Boi será uma liderança política cada vez maior.

05. Eleições Municipais - 2012

Para quem aprecia informações de bastidores e reuniões políticas para construção de acordos entre partidos tem um prato cheio neste momento. Pois, as discussões sobre as disputas eleitorais municipais que irão eleger novo prefeito e vereadores na cidade já estão em pauta política a um certo tempo. Muito do que se houve é que graças à possibilidade de termos 21 vereadores em disputa nas próximas eleições a perspectiva é que aumente e muito o número dos candidatos em disputa. Para maiores informações a recomendação desta coluna é que observem a movimentação dos partidos da cidade. Nada cresce sem estrutura na política e a hora de construir a base é agora. E a Câmara neste momento não representa necessariamente o que vem nascendo e o que vem morrendo na política da cidade de Araraquara. 


Publicado no jornal Folha da Cidade - Araraquara, São Paulo

Luís Michel Françoso

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