“Lógico, o PT perdeu a comissão de orçamento, mas em contrapartida ganhou o Edio Lopes (PT) na Mesa Diretora, ele está com total aval meu”, afirmou Aluisio Braz (PMDB)
Confira entrevista do jornal Folha da Cidade com o presidente da Câmara Municipal Aluisio Braz, o Boi, (PMDB) sobre o processo de composição das comissões permanentes da Câmara Municipal de Araraquara. Na última terça-feira (18) foi decidida na sessão legislativa a composição das quatro comissões permanentes que são Justiça, Legislação e Redação, Tributação, Finanças e Orçamento, Obras, Serviços, Bens Públicos e Desenvolvimento Econômico e Ordem Social, Transportes, Habitação e Meio Ambiente. Cada comissão é formada por um presidente e dois membros.
A decisão em plenário foi antecedida por varias reuniões entre as três tendências políticas internas da Câmara, a primeira formada por cinco vereadores da base governista que apoiaram o atual presidente Boi para a eleição da Câmara, a segunda tendência que é formada pelos três parlamentares do Partido dos Trabalhadores e a terceira tendência formada pelos demais cinco vereadores da base governista que apoiaram o candidato à presidência Elias Chediek (PMDB). Como resultado o PMDB ficou com a presidência das comissões de Justiça e a de Orçamento e o PT com a presidência das comissões de Obras e a de Ordem Social.
Confira abaixo entrevista do atual presidente da Câmara Aluisio Braz (PMDB), sobre as negociações para a formação das comissões permanentes. Tal entrevista descreve em detalhes cada passo das articulações referentes as comissões, e por tal formato, foi dividida em tópicos para uma melhor leitura. Confira abaixo:
01. Confira a avaliação do presidente da Câmara sobre o resultado final da composição das comissões
Aluisio Braz (PMDB) - Eu vejo que todo partido todo político tenta ocupar espaços, isso é legítimo da democracia, e às vezes por alguma falha um espaço que estava muito perto você perde, e você tem que aprender com os erros, qualquer falha no meio político onde todos pensam e onde todos querem maior espaço, você não pode dar margem à falha. Como teve um momento onde o PMDB estava com os vereadores um pouco desencontrados, o PT também passou por isso, e hoje eles viram que eles têm que se encontrar também, não da para o PT que eu considero um dos partidos mais organizados do Brasil saber se a bancada vai votar junto ou não em cima da hora, pois a política é dinâmica. A gente tentou não ganhar tudo, mas também não perder tudo, quando fecharam o nome do Nascimento para a presidência da comissão de Orçamento pouco antes da sessão, já não dava mais tempo, às vezes se a sessão fosse amanhã (19) dava para construir, mas não em cima da hora, na pressão.. Faltou um tempo a mais para a negociação. Considero que o fato de eles (bancada petista) passarem por este processo da composição das comissões uniu eles de novo como base. Eu acho que isso é normal todo partido tem um momento que passa por uma reciclagem, isso aconteceu no PMDB que já passou por um momento muito forte de desgaste, hoje estamos formando um novo PMDB, mas tiveram momentos em que os vereadores do PMDB não estavam falando a mesma língua, hoje já nos aproximamos muito, e isto é o processo da democracia.
02. Como o senhor analisa a questão referente a decisão sobre a presidência da Comissão de Orçamento? {em entrevista no mês de dezembro Boi recém eleito presidente afirmou que a vaga da presidência da comissão de Orçamento ficaria com o vereador Carlos Nascimento (PT), mas decisão final da Câmara elegeu Elias Chediek (PMDB) para o cargo}
Aluisio Braz (PMDB) - Quando a gente acertou a presidência da Câmara é obvio que o PT foi parte fundamental para vencermos, mas também neste processo nós fomos parte fundamental para fortalecer o PT. Pois, o PT não queria que a tendência do Elias vencesse e a nossa corrente era assim a mais viável para eles, foi uma construção positiva. Quando do processo da disputa pela presidência da Câmara, naquele momento sim, a gente queria pelo calor da disputa a presidência da comissão de Orçamento e da comissão de Justiça, você entra de cabeça naquilo que está almejando. Depois quando fomos colocar a discussão da composição das comissões vimos que nós já não teríamos a unanimidade para colocar o presidente das duas comissões, na votação teve um conflito da gente por em prática o que tínhamos acordado no processo.No momento de fechar a votação eles (bancada petista) tinham incerteza no voto do Nascimento, então naquele momento tanto nós quanto eles tínhamos a possibilidade de perder as duas comissões. Por que a gente corria o risco de não fazer dois membros fechados da tendência que me apoiou. Nós visualizamos isso, e ia ser um enfraquecimento da nossa tendência, a gente corria o risco de não ter a presidência de nenhuma comissão. Então, tivemos que uma achar, daí negociamos com a base de apoio do Elias e a proposta foi de ter dois membros da base que me apoiou em todas as comissões e defendemos o Elias, o Maranata (PR) e um do PT na comissão de Orçamento. Acho que o que aconteceu na decisão das comissões. naquele momento foi isso, porque o PT não apresentou a condição dos três votos estarem fechados da sua bancada, como também quando da disputa pela presidência da Câmara deu a decisão de me apoiar no último dia, o Nascimento horas antes da votação afirmava que não iria votar em mim. Então essa incerteza seguiu junto do processo das comissões, então abrimos uma outra via de diálogo, parte dos vereadores da base do governo não queriam a presença do PT nas comissões e nós por termos o compromisso com o PT brigamos até o último dia, eles (PT) empurraram nós para estas negociações com a base do Elias. Aos 45 minutos do segundo tempo o PT conseguiu fechar a questão que o Nascimento ia vir conosco, só que a discussão é desgastante você acaba tendo erro, o PT errou em garantir muito tarde os seus votos unificados e nós erramos em precipitar uma negociação, por que nós já estávamos desgastados. Nós viabilizamos a nossa proposta e acertamos um consenso que iríamos dividir as comissões entre os três grupos, mas o PT resolveu a questão em cima da hora e a gente não tinha certeza que o PT estava fechado, não tínhamos certeza dos três votos petistas ,então teve este desgaste, mas na minha visão mesmo tendo desgaste nós tentamos fortalecer o PT nas comissões, mas eles que abriram mão da comissão de Orçamento.
03. Boi admite erros de sua tendência política e do PT nas negociações
Aluisio Braz (PMDB) - Se teve erros da minha tendência de cinco vereadores, teve, mas também teve erros da negociação do PT. Quando eles questionaram que o PMDB tinha dois candidatos à presidência da Câmara, que um estava de um lado e um estava de outro, neste momento das comissões teve também este problema com a base do PT, estavam um para um lado e um para o outro, não conseguiram falar no momento certo que tinham os três votos fechados. Isso é uma visão minha que falei para o PT, por que foi isso que aconteceu. Acho que a gente tem a maturidade para digerir tudo isso, a política tem destas coisas e o vereador independente de compor comissão, se tiver idéias a propor sobre o orçamento vai ter meu aval.
Publicado no jornal Folha da Cidade - Araraquara, São Paulo
Luís Michel Françoso